Depois de um ano instável política e economicamente, o otimismo sintetiza o sentimento dos empresários para 2019. Pesquisa feita com exclusividade para a Associação Comercial do Paraná (ACP) pelo Grupo Datacenso mostra que o empresariado está confiante no sucesso da política econômica a ser implementada pelo novo governo. O cenário para 2019 apresenta-se positivo segundo os comerciantes curitibanos. A sondagem mostra que 81% dos entrevistados confiam que, com a posse do novo presidente, abrem-se boas perspectivas para o varejo com a retomada do crescimento; 38% dos comerciantes têm planos para novos investimentos durante 2019. Ainda segundo a pesquisa Datacenso, para 33% dos comerciantes curitibanos, a questão fiscal e a alta carga tributária são as principais preocupações dentro do planejamento de negócios para 2019. Para o CEO do Grupo Datacenso, Prof. Dr. Cláudio Shimoyama, a economia brasileira tem potencial para crescer mais de 3% em 2019 se o novo governo conseguir aprovar as reformas, principalmente a da Previdência, e acelerar as privatizações. “A projeção é de um PIB de 2,9% para 2019, e uma inflação de 3,75%, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) previsto para 4,07%”. Caso haja um comprometimento com o ajuste estrutural das contas públicas, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) projeta uma retomada mais forte da economia para 2019, sem pressões inflacionárias significativas. “O novo governo pretende mergulhar fundo nos dados e informações da economia, especialmente as questões fiscais, para montar um plano que visa zerar o déficit fiscal já em 2019”, afirma Cláudio Shimoyama. Leonardo Sperb De Paola, coordenador do Conselho Tributário da ACP, comenta a dificuldade em alcançar a meta de zerar o déficit fiscal logo no primeiro ano de governo, sem ferir o bolso do contribuinte. “O problema está no conflito de interesses entre os atores envolvidos. O futuro governo tem uma preocupação de curtíssimo prazo: reduzir o déficit, o que passaria pelo inaceitável aumento da carga tributária. O setor empresarial busca o contrário e também luta pela simplificação do sistema. E ainda há os que desejam distribuição mais justa da tributação entre as classes sociais. Não é nada fácil conciliar essas posições”, afirmou, indicando alguns meios para se chegar ao consenso. “Simplicidade, transparência, eficiência, produtividade, neutralidade econômica e equidade”, diz.
EXPECTATIVAS ECONÔMICAS
Um claro exemplo da mistura de otimismo com cautela do consumidor veio da pesquisa realizada no período pré-natal de 2018 pelo Datacenso, em que 77% dos consumidores pretendiam gastar com presentes de forma igual ou superior, em relação ao ano de 2017, ao mesmo tempo em que 65% dos entrevistados também ponderaram usar o 13º de forma mais racional, quitando dívidas e fazendo reserva de caixa para pagar as despesas tradicionais do início do ano, como IPVA, IPTU, despesas escolares, entre outros. Apesar da cautela ao gastar e ainda no esteio dos sentimentos mistos com relação a 2019, considerando o momento econômico atual e o novo Presidente da República, os consumidores estão animados e confiantes em uma melhora. “Isso mostra uma diferença no espírito do consumidor quando comparado ao mesmo período do ano passado. Na pesquisa de 2017, que previa o ano de 2018, os dados mostravam que a maioria estava mais preocupada e aguardando os acontecimentos, agora com os fatos estabelecidos, as perspectivas ficam mais claras”, afirmou Shimoyama.
INVESTIMENTOS E OPORTUNIDADES
O Datacenso traz outro dado que comprova o novo ânimo por parte do empresariado. De acordo com a pesquisa, 81% dos comerciantes acreditam que a eleição do Presidente Jair Bolsonaro irá contribuir para o crescimento do seu negócio em 2019. Esse dado reflete não só o novo ânimo do setor empresarial, mas também se alinha com o novo momento econômico do país, onde é perceptível uma diferença no humor do empresariado, que agora está mais disposto a investir no país. Segundo Alex Ibrahim, executivo responsável por mercados internacionais da bolsa de valores de Nova York, o dinheiro está voltando para o Brasil, e percebe-se uma diferença de ânimo dos empresários brasileiros. “Eles [os investidores] veem o Brasil como uma boa oportunidade neste ponto. E também porque o mercado esteve tão turbulento que os investidores podem ver o Brasil subvalorizado, indicando que este é o tempo certo de entrar”, disse. A leitura de Ibrahim é que a eleição teve um impacto momentâneo e, até certo ponto, natural em países que passam por mudanças na administração executiva. Ele também avalia que, se tudo ocorrer bem no processo de transição política, o ano de 2019 pode ser muito bom e o Brasil pode se tornar um grande mercado para a Nyse. Comprovando essa perspectiva, após as eleições algumas empresas anunciaram investimentos no país em 2019: Leroy Merlin investirá R$ 300 milhões em um novo centro de distribuição em Cajamar-SP; Grupo Kyly, empresa têxtil, irá investir R$ 40 milhões em Pomerode-SC; Smurfit Kappa investirá R$ 100 milhões em Minas Gerais e Ceará; JAC Motors investirá R$200 milhões em Camaçari-BA; a Dunlop, fábrica de pneus, investirá R$ 153 milhões na região metropolitana de Curitiba; A SMART, empresa de baterias para celulares, aportará no Brasil R$ 700 milhões até 2021; Beiersdorf, dona da marca Nivea, investirá R$300 milhões em Itatiba/SP; O setor portuário privado investirá R$530 milhões em Santa Catarina; e a Olam Internacional, empresa singapurense de cafés solúveis, colocará R$ 500 milhões em nova planta no Espírito Santo.
EXPECTATIVAS POLÍTICAS
Antoninho Caron, coordenador do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Finanças da ACP analisa os desafios políticos e econômicos que aguardam o Brasil em 2019: “Se fará necessário estar sempre alerta, atentos aos movimentos sociais e políticos que afastem a corrupção, os interesses particulares e promovam o bem comum, com garantias das liberdades dos indivíduos, da propriedade privada e da capacidade de cada cidadão ser autor do seu tempo e da sua vida”, disse. Sobre a polarização que o país presenciou em 2018, Caron destaca que a união deverá ser a tônica do momento. “Governos, empresas e cidadãos não estão em lados opostos. É necessário unir e cooperar para ganhar a competição mundial e construir localmente um país propício, seguro e estável para produção. Garantir investimento, trabalho, criatividade e inovação na produção de bens e serviços, na produção de tecnologias, invenções e inovações, na produção de artes e saberes que promovem e valorizam o ser humano”, comenta.
Fonte: Imprensa ACP. Disponível em: < https://acpr.com.br/imprensa/revista-do-comercio/ >, Janeiro/2019
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